II Colóquio Leo Strauss – Programa / Daily Schedule

25/07/2024 12:16

Tempo estimado das conferências: até 40 minutos / Estimated conference time: up to 40 minutes


13 de agosto, 13h50 / August 13, at 1:50 PM (Brasilia Time)

Mesa 1

What is Leo Strauss’s Natural Theology?
Marco Menon (Università della Svizzera italiana – Suíça)

Política e Heterogeneidade Noética
José Colen (Universidade do Minho – Portugal)

Leo Strauss sobre o problema de Sócrates em “As Nuvens”
Jean Gabriel Castro da Costa (UFSC – Brasil)

El Platón de Strauss y la politicidad de la filosofía
Agustín Volco (Universidade de Buenos Aires – Argentina)

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14 de agosto, 14h / August 14, at 2:00 PM (Brasilia Time)

Mesa 2

Leo Strauss, o Niilismo Alemão e o Nacional-Socialismo.
Helton Adverse (UFMG – Brasil)

Leo Strauss fenomenólogo?
Elvis Mendes (UFU – CAPES – Brasil)

Política e tecnologia: Strauss e natureza prometeica da modernidade
Richard Romeiro (UFSJ – Brasil)

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15 de agosto, 14h / August 15, at 2:00 PM (Brasilia Time)

Mesa 3

Filosofia política e arte de escrever em Leo Strauss
António Bento (Universidade da Beira Interior – Portugal)

Leo Strauss, Maquiavelo y el arte de escribir
Isabel Rollandi (Universidad de Buenos Aires – Argentina)

Leo Strauss e a Tirania
Newton Bignotto (UFMG – Brasil)

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Mesas de comunicação

14 de agosto, 9h30 / August 14, at 9:30 AM (Brasilia Time)

¿Qué tan crítica es la crítica de Strauss a la Modernidad? La alternativa de Heinrich Meier
Diego Vega – Benemérita Universidad Autónoma de Puebla, México

Da História à Natureza: O retorno de Leo Strauss ao pensamento pré-historicista
Izabella Coutinho – UFMG

Entre a Natureza e a Convenção: o problema da organização da cidade na teoria política de Leo Strauss.
Ronaldo Tadeu – UFSCAR

Mediação – Elvis Mendes – UFU

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15 de agosto, 9h30 / August 15, at 9:30 AM (Brasilia Time)

Sobre a modernidade: a compreensão crítica de Leo Strauss
Bruno Coletto – UFRGS

From Cultural Pessimism to Political Nihilism: On how right-wing political discourse ceases to be conservative and becomes self-destructive. Perspectives from the Carl Schmitt – Leo Strauss debate.
Bruno Ruffier – UFRGS

Leo Strauss conservador?
Theo Vilaça – PUC RIO

Mediação – Iann Lobo – UFSC

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Resumos / Resúmenes / Abstract

 


 

II Colóquio Leo Strauss – Resumos / Resúmenes / Abstract

02/07/2024 09:44

 

El Platón de Strauss y la politicidad de la filosofía

Agustín Volco (Universidade de Buenos Aires – Argentina)

En el capítulo consagrado al origen de la idea de Derecho Natural de Derecho Natural e Historia, Leo Strauss comienza con una secuencia precisa que nos presenta en su forma más sistemática su visión de lo que podemos llamar la “invención” de la filosofía. En esta ponencia me propongo reconstruir esta secuencia brevemente para interrogar los argumentos filosóficos que, para Strauss, hacen de la filosofía, y más específicamente, de la filosofía tal como fue concebida en la antigua Grecia, y más específicamente, de la noción platónica de filosofía, el centro de referencia fundamental de toda su obra.
Este trabajo conducirá, en las conclusiones, a algunas reflexiones acerca de la politicidad de la filosofía, y su importancia para la disciplina y la práctica de la filosofía política tal como es concebida por Strauss.

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Filosofia política e arte de escrever em Leo Strauss
António Bento (Universidade da Beira Interior – Portugal)

Em What is Political Philosophy? (1959), Leo Strauss afirma que os filósofos políticos do passado que escreveram sob condições de perseguição e censura distinguiram quase sempre, nas suas obras, entre um verdadeiro ensino, o ensino esotérico, e um ensino socialmente útil, o ensino exotérico. Segundo Strauss, enquanto o ensino exotérico pretendia ser facilmente acessível a qualquer leitor, o ensino esotérico revelar-se-ia apenas aos leitores cuidadosos e bem treinados depois de um estudo longo e concentrado. Não é por isso um acaso que Leo Strauss quase nunca se refira ao «pensamento», às «ideias» ou à «filosofia» política de um determinado autor. Ao invés, a palavra «ensino» (teaching) é na sua obra uma palavra frequente, é mesmo a palavra fundamental no discurso da filosofia política tal como Strauss a entende e a pratica.

Do ponto de vista de Leo Strauss, a distinção entre estes dois ensinos e a consequente discriminação dos públicos a quem eles se dirigem adequa-se à própria circunstância do pensamento, uma vez que ela reproduz a divisão essencial – divisão fundamentalmente filosófica – entre a verdade racional e a opinião comum. Com efeito, para Strauss a filosofia ou a ciência foram – e continuam a ser – um privilégio de uma pequena minoria, constituindo, aliás, a radical descontinuidade entre a verdade racional e a opinião comum um pressuposto central do pensamento filosófico ou científico. Para além disso, a mera existência de uma tal distinção entre estes dois tipos de ensino é o sinal claro de uma ruptura entre a filosofia e a cidade e mostra também o lugar reservado ao filósofo por uma cidade na qual a filosofia perdeu os direitos de cidadania.

A presente comunicação interpelará a polêmica relação entre a Filosofia Política e a «arte de escrever entre as linhas» tal como esta foi pensada e praticada pelo autor de Persecution and the art of Writing (1952).

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Leo Strauss fenomenólogo?

Elvis Mendes (UFU – CAPES – Brasil)

Em 1922, Leo Strauss frequentou os cursos de Edmund Husserl sobre teoria do conhecimento, ministrados na Universidade de Freiburg, acontecimento decisivo para que o jovem Strauss abandonasse o neokantianismo, predominante no ambiente intelectual desse período na Alemanha. Também em Freiburg, Strauss participou, com entusiasmo, dos seminários de Martin Heidegger, então assistente do professor Husserl. Naquela ocasião, as lições de Heidegger sobre a Metafísica de Aristóteles deixaram Strauss realmente fascinado. Embora naquele momento a fenomenologia não tenha se tornado o principal tema de seus estudos, é possível perceber que sua influência orientou Strauss na sua maneira de pensar a filosofia política. Diante disso, o impacto da primeira escola da fenomenologia alemã sobre o pensamento de Leo Strauss é o tema central de minha conferência. Por meio da análise da obra de Strauss, sobretudo, das cartas e de alguns ensaios de maturidade, pretendo mostrar que há em sua abordagem a influência direta da fenomenologia de Edmund Husserl, além de uma relação controversa com o pensamento de Heidegger, aspectos que se desconsiderados, corre-se o risco de cometer profundos equívocos interpretativos. A minha hipótese é a de que Strauss exerce uma crítica radical ao que nos convencionamos a chamar de teoria política, ao propor o que compreendo como uma “fenomenologia do político”, enquanto alternativa aos paradigmas metodológicos da ciência social contemporânea. Diante disso, a proposta de uma fenomenologia do político surge da constatação de que “o político” é um tipo de eidos específico, que só pode ser entendido como um fenômeno que escapa totalmente a qualquer teorização. A hipótese de que a crítica de Strauss acontece através de uma inspiração fenomenológica no sentido dado por Husserl, é possível pela observação de que seu insight fundamental sobre a necessidade da experiência do “mundo da vida” (Lebenswelt) também aparece em vários textos de Strauss. Em cartas, ele mesmo afirma estar de acordo com a proposta de Husserl, de “retorno às coisas mesmas” (zu den Sachen selbst), enquanto ferramenta para recuperar um tipo de ciência política que seja realmente capaz de uma investigação com base nas coisas políticas como elas são. Além disso, o chamado de Husserl para a fundamentação de uma “filosofia como ciência rigorosa”, parece ter um impacto decisivo na reflexão de Strauss. De fato, ele parece ter visto na crítica de Husserl às ciências naturais um caminho para reavivar a ciência política no sentido de Platão e Aristóteles, isto é, como um tipo de investigação (Zetesis) da totalidade das coisas, comprometida com a compreensão dos “problemas permanentes” que assolam o humano como humano em qualquer tempo e lugar.  Com isso, busco concluir que o “retorno” de Strauss à filosofia política antiga é permeado pela necessidade de uma filosofia política fenomenológica, visto que a filosofia política clássica não pode mais se realizar na contemporaneidade, a fenomenologia oferece uma alternativa para o seu reavivamento.

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Leo Strauss, o Niilismo Alemão e o Nacional-Socialismo.

Helton Adverse (UFMG – Brasil)

Não são muitos os textos de Leo Strauss em que ele se detém sobre os acontecimentos presentes. Via de regra, suas referências à atualidade política contentam-se com a alusão ou se limitam à obliquidade. Mas alguns anos depois de sua chegada aos Estados Unidos, Strauss proferiu na New School for Social Research, em 1941, uma conferência sobre o niilismo alemão, na qual qualificava o nazismo como sua forma “mais célebre, mais vil, mais horrível, mais limitada, mais desprovida de luz e mais vergonhosa”. Esse excesso de adjetivos parece indicar uma clara condenação política, fundamentada em esforço analítico cujo objetivo é encontrar o “motivo último”,  descortinar a “situação que lhe deu origem” e explicitar a natureza do niilismo alemão. Para nós, o mais importante é destacar que Strauss ensaia nessa conferência a ativação do juízo político, que deve corresponder, como ele dirá mais tarde, à restauração da filosofia política, com a diferença de que a via seguida em 1941 não será aquela preconizada posteriormente porque não é feita a retomada da tradição filosófica e sim uma breve história cultural do niilismo na Alemanha. Mais ainda, a história do niilismo consiste em um meio para Strauss desferir críticas contundentes à sociedade liberal, incapaz de oferecer uma verdadeira alternativa à atração exercida pelo totalitarismo sobre os mais jovens, mas também uma crítica ao antiliberalismo, representado por Schmitt, Heidegger e Jünger. O que pretendemos fazer em nossa comunicação é mostrar que as propostas avançadas por Strauss não configuram uma tentativa de interpretação do sistema totalitário, mas, por meio dessa crítica ao liberalismo e ao antiliberalismo, trazer à luz um dos aspectos mais contundentes da modernidade, a saber, o niilismo e suas nefastas consequências políticas. Nesse sentido, a conferência de 1941 assume simultaneamente uma relevância biográfica – na medida em que o próprio Strauss confessa-se capturado pelo niilismo nos anos de sua juventude –  e teórica, pois Strauss irá reter o tema do niilismo em sua obra madura, em especial, em Direito Natural e História.

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Leo Strauss, Maquiavelo y el arte de escribir
Isabel Rollandi (Universidad de Buenos Aires – Argentina)

Según Leo Strauss el “arte de escribir” de la filosofía política clásica responde a la comprensión de la distancia entre la filosofía y la ciudad, y del peligro que representa una para la otra: el filósofo debe ser “político”, evitar ofender a la ciudad y buscar proteger a la filosofía. La enseñanza “exotérica”, que es la “armadura” del filósofo, es el aspecto “político” de la filosofía. No obstante, el filósofo comunica también un contenido “esotérico” accesible para quienes saben leer “entre líneas”, alcanzar por su cuenta lo que el autor da a pensar. En la modernidad, sin embargo, los pensadores parecen olvidar o rechazar la escritura esotérica. Maquiavelo, el primer moderno, dice abiertamente cosas que los clásicos ocultaban, expone la “doctrina malvada” que los escritores antiguos pronunciaban solo a “puertas cerradas” (TOM: 10). Pero la relación de Maquiavelo con el arte de escribir es compleja: el autor, parece indicar Strauss, utiliza estas estrategias para minar los cimientos de la enseñanza de la tradición clásica. Pero Maquiavelo busca también traer una enseñanza para su contemporaneidad que transforme el estatuto de la política y la filosofía en Italia. En este trabajo, argumentaremos que la “inmoderación” de Maquiavelo, los ejemplos extremos, los consejos brutales y la detallada descripción de políticas inmoderadas, quizás sean las estrategias de escritura del florentino, según Strauss, para despertar a ciertos jóvenes adormecidos por las ilusiones de la tradición. Quizás la propaganda a favor de la filosofía sea una estrategia para asegurar un lugar para ésta en la ciudad. Finalmente, argumentamos que para Strauss no hay límites para lo que un filósofo puede hacer para proteger a la filosofía con su escritura.

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Leo Strauss on the problem of Socrates in “The Clouds”
Jean Gabriel Castro da Costa (UFSC – Brasil)

The comedy “The Clouds” by Aristophanes is one of the main direct historical sources available on Socrates, alongside the Socratic dialogues of Plato and Xenophon. However, the portrayal of Socrates in “The Clouds” differs substantially from the portrayals of Socrates in the texts of Plato and Xenophon. According to Leo Strauss, these portrayals were responses to Aristophanes and were constructed around the “problem of Socrates,” that is, the problem of the place of rationality in human life and the tense relationship between philosophy and society, issues that appear intertwined with the conflict between philosophy and poetry. According to Strauss, there would be a great underlying agreement between Aristophanes, Plato, and Xenophon regarding Socrates’ astonishing lack of prudence. For them, Socrates would be a purely theoretical and apolitical man who dangerously ignored the power of the alogon in social and political life. Plato and Xenophon would be more prudent than Socrates, more aware of the limits of reason in social and political life, and would have constructed a more prudent and respectable Socrates in the eyes of the city with the aim of saving philosophy from the city’s repression and saving the city from the corrupting effects of philosophy. In this movement, philosophy becomes political philosophy and reconciles in a way with poetry, incorporating the tragic and the comic into a superior ironic unity. Our goal is to explore this hypothesis, focusing on Leo Strauss’s interpretation of the comedy “The Clouds” and his texts dedicated to the “problem of Socrates.”

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Política e Heterogeneidade Noética

José Colen (Universidade do Minho – Portugal)

A interpretação da obra de Strauss tem sido objeto de intenso debate. Um primeiro ponto de controvérsia é se a sua obra contém uma teoria filosófica ou política. Muitos estudiosos, incluindo o próprio autor, sublinham o seu “ceticismo”, um ceticismo que não seria radical, mas “zetético”. Para estes estudiosos, não é possível apresentar nenhuma interpretação do ensinamento de Strauss porque este não tem propriamente uma doutrina ou um conjunto de ensinamentos. O que orienta a apresentação das ideias de diversos filósofos políticos seria fundamentalmente um propósito “pedagógico”. Um segundo ponto de controvérsia é se a sua obra tem sobretudo a natureza histórica ou se existe, por detrás dos estudos históricos, uma visão filosófica ou política própria. Os estudiosos têm certa dificuldade em sumariar o conteúdo do ensinamento de Strauss, que está sempre envolvido numa roupagem histórica. A apresentação de Direito Natural e História como quase um thriller moderno sobre a história do direito natural não deve descartar os paradoxos que permeiam o livro, a menos que abandonemos o próprio padrão de Strauss para “as obras daqueles pensadores que eram escritores extremamente cuidadosos, que eram tão cuidadosos que, por assim dizer, não há uma única palavra nas suas obras que não esteja repleta de significado”. Um terceiro ponto de controvérsia é a natureza da visão de Strauss: os autores dividem-se entre os que sublinham que é uma apologia da filosofia e os que julgam que contém uma certa visão da política.

Qual é a intenção do autor? E que nos diz hoje, que explica a sua crescente popularidade?

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What is Leo Strauss’s Natural Theology?
Marco Menon (Università della Svizzera italiana – Suíça)

In the literature on Leo Strauss’s thought and the theological-political problem, an interpretative current considers this problem to be solvable through argumentation. Some interpreters assert that the theological-political problem, understood as the dichotomy between two forms of life metaphorically symbolized by the cities of Athens and Jerusalem, is not an insoluble dilemma destined to remain unresolved. However, there are divergent views within this current regarding the type of argument believed capable of resolving the theological-political problem. Among these arguments, the so-called argument of natural theology deserves particular emphasis. This argument, based on the analogy of the wise man who serves as a model and criterion for conceiving of God as a most perfect being, was developed by Strauss on rare occasions, for example Reason and Revelation (1948) and The Mutual Influence of Theology and Philosophy (1954). Additionally, the recent publication of extensive commentary on Plato’s Euthyphro provides new insights into this argument.

Drawing from both old and new sources, this contribution aims to explore the question of natural theology more deeply by asking: What is Leo Strauss’s natural theology? Is it a doctrine, an argument, or perhaps both? Strauss, in fact, identifies a philosophical argument within natural theology. Should we therefore differentiate between an exoteric and a philosophical component of Strauss’s natural theology? Moreover, traditional natural theology differs significantly from Strauss’s version, as his approach does not focus on proving the existence of God. Why then calling it natural theology, thereby risking confusion with a concept of the Christian tradition?

The structure of my presentation will be as follows: I will begin by introducing the concept of natural theology and explaining how Leo Strauss employs it in his writings. Following this, I will focus on Strauss’s discussions of the analogy of the wise man, particularly his commentary on Plato’s Euthyphro. I will then delve into the complexities of this topic, specifically examining whether the doctrine of ideas is essential to the analogy. Finally, I will conclude by critically questioning the legitimacy of natural theology, referencing the thought of Protestant theologian Karl Barth as a key point of contrast.

Keywords: Leo Strauss, Natural Theology, Plato, Political Philosophy, Revelation

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Leo Strauss e a Tirania

Newton Bignotto (UFMG – Brasil)

Em nossa apresentação, vamos voltar ao tema principal de um escrito de 1948 – On Tyranny: An Interpretation of Xenophon’s Hiero – para investigar o lugar que a questão da tirania teve na filosofia straussiana e como antecipou, de maneira exemplar, algumas das teses mais conhecidas do autor.

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Política e tecnologia: Strauss e natureza prometeica da modernidade

Richard Romeiro (UFSJ – Brasil)

No âmago da reflexão levada a efeito por Leo Strauss se encontra, como é sabido, a proposta de reabertura da vexata quaestio concernente à “querela entre os antigos e os modernos”, a fim de, mediante esse procedimento, tornar possível uma reconsideração ou reavaliação da alternativa filosófica representada pelo pensamento pré-moderno ou tradicional (clássico e medieval). Ora, como também se sabe, na consecução desse objetivo, Strauss consagrou uma parte importante de sua obra à elaboração de uma leitura consistente e instigante do caráter da filosofia na modernidade, no intuito de apreender os pressupostos e as coordenadas reflexivas mais fundamentais do pensamento filosófico moderno e delimitar, graças a essa démarche histórico-interpretativa, o tipo de projeto político resultante da nova orientação imposta pela modernidade à filosofia. No contexto dessa abordagem, pode-se dizer que um dos insights mais originais de Strauss consistiu em ter compreendido, desde os seus escritos iniciais (e, portanto, anteriormente a Heidegger), o caráter essencialmente tecnológico da racionalidade moderna, apreendendo o fato de que a racionalidade moderna, ao abandonar a orientação fundamentalmente contemplativa da filosofia tradicional e a concepção de natureza como uma ordem supra-humana própria dessa filosofia, converteu a técnica e o poder associado à técnica no núcleo de uma nova  concepção da natureza do saber filosófico que, na perspectiva dos autores modernos, ao se efetivar histórica e socialmente por meio do “iluminismo”, deveria revolucionar definitivamente a vida humana, pondo um fim à vigência ancestral do “reino das trevas” e tornando possível o advento de uma nova ordem política que propiciaria a todos os homens prosperidade, bem-estar, paz e liberdade. O escopo de nossa apresentação reside na pretensão de analisar esses elementos da leitura straussiana da modernidade, visando observar como, na óptica de Strauss, o projeto político moderno, que, no limite, envolve a absorção da ciência e da filosofia pelo elemento da tecnologia, é resultado de um processo de imanentização sem precedentes do pensamento humano, imanentização que, segundo Strauss, nada mais é do que o resultado da completa subordinação moderna da filosofia aos interesses e finalidades da sociedade política, tendo em vista a realização do objetivo prometeico de instaurar o domínio do homem sobre a natureza e a história.


COMUNICAÇÕES

Sobre a modernidade: a compreensão crítica de Leo Strauss.
On modernity: Leo Strauss’s critical understanding.
Bruno Irion Coletto (UFRGS – Brasil)

Resumo: No bojo de seu projeto de resgate da filosofia política clássica, Leo Strauss acabou por consagrar-se como um severo crítico da modernidade. Sua problemática de pesquisa parte da constatação de que há uma “crise” na modernidade. Portanto, a compreensão do pensamento de Strauss passa, necessariamente, pela compreensão do fenômeno que ele buscava criticar. A presente pesquisa almeja explorar não apenas o que Strauss efetivamente entendia por modernidade – um fenômeno que, para negar a filosofia política clássica, se apresentava em três diferentes ondas –, mas também pretende explicitar os elementos centrais do fenômeno moderno na leitura feita por Strauss, onde se destacam o positivismo, o historicismo e também o niilismo. Assim, o artigo, por meio da análise da obra de Strauss, em diálogo com o trabalho de comentadores, pretende apresentar um panorama geral da mentalidade filosófica moderna da forma como Strauss a compreendia e descrevia. Contudo, a compreensão da crítica à modernidade, em Strauss, se revelava, paradoxalmente, como uma defesa de um regime moderno: a democracia liberal poderia redimir a modernidade, mas ela devia sua sólida fundamentação ao pensamento político clássico. Era o que Strauss buscava demonstrar, desafiando a ciência política dominante em seu tempo. Portanto, veremos que Strauss, ao propor o retorno aos clássicos, em verdade, articulava a defesa – e não a rejeição – da moderna democracia liberal.
Palavras-Chave: Modernidade. Leo Strauss. Positivismo. Historicismo. Democracia Liberal.

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From Cultural Pessimism to Political Nihilism. On how right-wing political discourse ceases to be conservative and becomes self-destructive. Perspectives from the Carl Schmitt – Leo Strauss debate.
Bruno Ruffer (UFRGS – Brasil)

Abstract: This paper examines the transformation of right-wing political discourse from cultural pessimism to political nihilism through the lens of the Carl Schmitt – Leo Strauss debate. By exploring Carl Schmitt’s “The Concept of the Political,” the essay highlights how Schmitt framed political activity around the distinction between friends and enemies, making polarization its core meaning. Leo Strauss’s critique of Schmitt, based on his 1932 “Notes on The Concept of the Political” and his 1941 lecture “German Nihilism,” is central to this analysis. Strauss argues that Schmitt’s critique of modernity leads to self-destruction by conflating historical inevitability and moral unbearableness in its interpretation of progressivism. Strauss suggests that Schmitt’s conservatism becomes nihilistic as it inverts the Hobbesian axiom that founds and justifies the political community, effectively abandoning the preservation of life and institutions in favor of indiscriminate conflict. Moving past Strauss’s considerations, the discussion extends to the broader implications of cultural pessimism and contemporary examples of political nihilism, addressing current manifestations of this ideological shift within conservatism. The concluding provocation questions the adequacy of the term “polarization” to describe present political challenges. In a context of “polar asymmetry,” where progressives acting within liberal political institutions seem unable to even conserve past achievements, and conservatives become revolutionaries aiming to overturn the established order, the paper argues either for abandoning the term as an adequate description of the current political struggles facing liberal democracies, or for progressives to adopt a more aggressive, “Schmittian approach”, and to confront the political nihilists’ dystopian interpretation of history with a more realistic attitude to it: that is to rescue its own utopian attitude.

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¿Qué tan crítica es la crítica de Strauss a la Modernidad? La alternativa de Heinrich Meier.
Diego Vega (Benemérita Universidad Autónoma de Puebla – México)

La lectura que hizo Leo Strauss de la Modernidad y de algunos filósofos característicos de la ruptura moderna ha sido mayormente entendida como una férrea crítica. A pesar de la multitud de interpretaciones y focos de atención que se han puesto en su obra, los lectores concuerdan generalmente en que Strauss defendía un “retorno” (por ambiguo que sea este) a la filosofía clásica, que consideraba que la ruptura moderna había devenido nihilismo político y obscurecimiento de la filosofía a través del historicismo; que, bajo su examinación, Maquiavelo fue el primero en “olvidarse” de Sócrates, Hobbes el primero en fundamentar una ciencia política dogmática y Rousseau el último en romper toda referencia a la naturaleza al interior de las cosas humanas.
En el marco de tal “acuerdo” o tales asunciones, deseo presentar en esta ponencia un breve esquema de la interpretación en la que el alemán Heinrich Meier ha puesto sus esfuerzos desde hace décadas. Si bien Meier se ha ocupado de la “crítica a la Modernidad” en parcelas, es decir, accediendo a ella a través de comentarios particulares al problema teológico-político, Thoughts on Machiavelli, el significado de la filosofía para Rousseau o Natural Right and History, pretendo mostrar aquí una vista general de lo que podrían ser sus conclusiones respecto a la manera en que Strauss evalúa el pensamiento filosófico moderno. Para introducirlo en una frase, Meier no considera que la filosofía moderna sea en modo alguno una “ofuscación” u obscurecimiento, sino una estrategia filosófico-política para renovar la vida filosófica y asegurar su posibilidad en su enfrentamiento al problema teológico-político.
Después de presentar esquemáticamente algunos de los puntos más relevantes y decisivos que esta lectura representaría para el entendimiento común de la obra de Strauss, quisiera conducir la discusión a un par de cuestionamientos político-filosóficos, a saber: la sospechosa defensa de proyectos políticos (conservadores o no) en nombre de la “vida filosófica” y el sospechoso rol del filósofo como “renovador”.

Palabras clave: Meier, Modernidad, Renovación de la filosofía

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Da História à Natureza: o retorno de Leo Strauss ao pensamento pré-historicista.
Izabella Corrêa M. Coutinho (UFMG – Brasil)

Resumo: Levando em conta o alcance e a profundidade da crítica de Leo Strauss ao fenômeno do historicismo, é possível dizer que a démarche filosófica do autor se consolida como a tentativa de um retorno ao que seria o pensamento não historicista em sua “forma pura”, isto é, o pensamento em cujo núcleo figura uma compreensão original e alternativa acerca do binômio natureza-história. Na visão do filósofo, a compreensão acerca desse par conceitual sofre uma mutação radical ao longo da modernidade, levando-nos ao ponto no qual nos situamos e partir do qual se anuncia o declínio das democracias liberais, já incertas sobre si mesmas. Seguindo o fluxo de um movimento que pode ser denominado “subterrâneo”, a categoria de natureza seria destituída de seu significado mais original e a noção de história seria alçada a um novo patamar, algo que poderíamos capturar ao nos referirmos à metafora das ondas modernas. Como resultado desse deslocamento conceitual ao longo da história do pensamento no Ocidente, a filosofia em sua radicalidade noética tornar-se-ia algo impossível ou absurdo, e a filosofia política algo datado, pois a pergunta acerca do melhor regime ou da melhor vida para homem seria uma pergunta inócua, significativa apenas no contexto histórico da Grécia Antiga. Assim, sugere-se, a empreitada straussiana a nós se apresenta como uma tentativa de restauração da categoria de natureza (physis) e da noção de história (historia) tal como compreendidas pelos pensadores não historicistas. A proposta da minha comunicação consiste em retomar alguns passos importantes de Strauss nesse caminho de volta da história à natureza, destacando, especialmente, dois aspectos principais, os quais, acredito, permitem-nos uma compreensão mínima sobre o significado da sofisticada empresa straussiana: (i) o uso justificado da metodologia genética, histórica e exotérica do autor, algo que deve servir à tarefa de realçar ou, de modo enfático, reencenar as condições de possibilidade da filosofia política e os limites da experiência filosófica; e (ii) a defesa straussiana de uma compreensão não historicista da natureza, cuja adequação deve revelar a própria insuficiência da noção de história no âmbito do conhecimento acerca do homem e das coisas políticas. A partir desse destaque, o objetivo é fazer notar a maneira como Strauss provoca sua audiência, trazendo à tona o elogio da filosofia e a suspeita incômoda sobre a debilidade do conhecimento histórico.

Palavras-chave: Leo Strauss. Historicismo. Natureza. História.

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Entre a Natureza e a Convenção: o problema da organização da cidade na teoria política de Leo Strauss.
Ronaldo Tadeu de Souza (UFSCar – Brasil)

Resumo: A presente comunicação tem como objetivo tratar de um dos temas fundantes da filosofia política de Leo Strauss, a saber: a questão da convenção e da natureza, e de como ela é imprescindível nas reflexões straussianas sobre a organização e as condições de existência da cidade. O argumento bem como a sua construção e exposição estará assentado na interpretação do The City and Man de Leo Strauss, e mais precisamente no capítulo sobre Platão, On Plato’s Repuplic. A hipótese de trabalho é que a cidade não poderia subsistir se fosse construída, exclusivamente, a partir da ordem natural, “de acordo à natureza”, e que essa fosse defendida no pensamento, pelo pensamento, no discurso e pelo discurso dos sábios e dos políticos daquela.
Palavras-Chave: Leo Strauss; City and Man; Convenção; Natureza; Cidade

Title: Between Nature and Convention: the problem of city organization in Leo Strauss’s political theory.
Abstract: The present communication aims to address one of the founding themes of Leo Strauss’s political philosophy, namely: the question of convention and nature, and how it is essential in Strauss’s reflections on the organization and conditions of existence of society. city. The argument as well as its construction and exposition will be based on the interpretation of The City and Man by Leo Strauss, and more precisely on the chapter on Plato, On Plato’s Repuplic. The working hypothesis is that the city could not survive if it were built, exclusively, from the natural order, “in accordance with nature”, and that this was defended in thought, by thought, in speech and by the speech of wise men and women. politicians like that.
Keywords: Leo Strauss; City and Man; Convention; Nature; City

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Leo Strauss conservador? 
Theo M. Villaça (PUC/RJ – Brasil)

A proposta do presente trabalho é investigar a frequente categorização de Leo Strauss como um pensador conservador e constatar o equívoco de tal enquadramento. Em um primeiro momento, será exposta a multiplicidade de correntes ditas conservadoras, não se caracterizando uma corrente rígida e internamente coesa. Em um segundo momento, pretende-se deter no conservadorismo americano dos anos 50, no qual George Nash e Ted Macallister incluem Strauss. Nash divide esse movimento em três alas: anti-comunistas (como Burnham), libertários (como Mises e Hayek) e tradicionalistas. O foco dessa parte da apresentação será especificamente a ala “tradicionalista”, na qual, além de Strauss, são colocados autores como Eric Voegelin, Robert Nisbet, Richard Weaver e Russel Kirk. Esse último de maior importância para a questão do presente trabalho, pois referia-se a si mesmo como conservador, ao contrário de Voegelin, por exemplo, que categoricamente rejeitava tal rótulo. Depois de possíveis aproximações entre Strauss e demais conservadores da referida ala tradicionalista, como por exemplo uma crítica ao período da Modernidade – haja visto o uso da obra de Strauss por conservadores –, serão estabelecidas divergências. A crítica à modernidade não é elemento suficiente para a equiparação entre o autor e os conservadores americanos. As divergências serão exploradas sobretudo a partir da crítica que Strauss faz de Edmund Burke, no último capítulo de “Direito Natural e História”, no qual a obra do escritor irlandês é tratada como carregada de elementos de historicismo, doutrina enfaticamente rejeitada pelo filósofo teuto-americano, por desembocar em relativismo e niilismo. O contraste com Burke se justifica devido ao lugar que auto-intitulados conservadores, como Russell Kirk, o colocam, qual seja, como precursor do conservadorismo moderno. Por fim, será estabelecido que, apesar de aproximações, tanto com Burke quanto com conservadores americanos, encaixar o pensamento de Strauss a uma corrente específica acaba por perder de vista a profundidade de sua obra.

Palavras-chave: Conservadorismo; Historicismo; Edmund Burke; Relativismo

Regras para submissão de trabalhos

28/02/2024 14:28

Nós, da equipe organizadora do II Colóquio Leo Strauss, teremos o prazer de receber propostas de pesquisa que tenham o pensamento de Leo Strauss como tema central e que desejem participar do nosso evento por meio das mesas destinadas à apresentação de comunicações e à promoção de amplo debate entre os participantes. Será uma excelente oportunidade para pesquisadores exporem suas interpretações e hipóteses sobre temas importantes da obra de Strauss.

Os resumos deverão incluir: título no idioma da comunicação (português, espanhol ou inglês); uma explicação concisa do tema que será apresentado, contendo no mínimo 300 e no máximo 400 palavras; e de três a cinco palavras-chave no mesmo idioma do resumo. Os resumos podem ser redigidos em português, espanhol ou inglês. Os resumos não devem incluir referências bibliográficas. O resumo deve ser original e inédito, e não estar em processo de avaliação por outro evento. Caso o trabalho esteja sob avaliação por uma revista, ou faça parte de uma monografia, dissertação ou tese, isso deve ser esclarecido em nota de rodapé.

As submissões devem abordar temas presentes no pensamento de Leo Strauss, incluindo análises de sua obra, diálogos com outros filósofos da tradição ou contemporâneos, bem como interpretações de autores influenciados por ele.

A aprovação das propostas de comunicação se limitará ao número de participantes cabível para cada mesa. Cada mesa será organizada de acordo com a proximidade ou semelhança dos temas abordados, na medida do possível. Os critérios de avaliação incluirão a originalidade, a profundidade com que o tema é desenvolvido e o estado atual da pesquisa. Todos os trabalhos serão analisados pela equipe organizadora para garantir que estejam de acordo com as normas de submissão exigidas, cabendo a essa equipe julgar a qualidade do texto e a relevância do tema proposto, de acordo com os interesses do evento.

Formato do texto para submissão: Os arquivos devem estar em formato Microsoft Word, utilizando fonte Times New Roman, tamanho 12, sem espaçamento, negrito ou sublinhado. Termos em idiomas diferentes do texto devem ser colocados em itálico. Os trabalhos submetidos devem conter o nome completo do autor, titulação e vínculo institucional (se houver).

As apresentações não deverão ultrapassar 30 minutos, seguidas de um período para perguntas.

O autor deve ser pós-graduando (mestrando ou doutorando) ou pós-graduado (mestre ou doutor) em áreas das Humanidades e cada pesquisador poderá submeter apenas um único resumo.

Não será cobrado nenhum valor pela submissão de resumos ou pela participação do pesquisador.

No assunto do e-mail, deve-se colocar o nome do autor em caixa alta, seguido da expressão “SUBMISSÃO DE RESUMO”.

Os candidatos serão informados por e-mail sobre a “aceitação” ou “rejeição” de seu resumo em tempo hábil.

A submissão de um resumo implica na aceitação implícita das regras estabelecidas pela equipe organizadora.

A equipe organizadora não aceitará submissões que estejam fora das regras estabelecidas ou fora do período de submissão.

Em caso de dúvidas, enviar e-mail para: coloquioleostrauss@gmail.com

 

Cronograma

Prazo final para o envio dos resumos: 30/05/24

Divulgação dos aprovados: 15/06/24

Prazo final para o envio dos textos completos: 15/07/24

 

Resumos e textos devem ser enviados para: coloquioleostrauss@gmail.com

 

II Colóquio Leo Strauss

28/02/2024 14:16

O “II Colóquio Leo Strauss“, organizado pelo Núcleo de Estudos do Pensamento Político, ocorrerá nos dias 13, 14 e 15 de agosto de 2024. Este evento visa explorar e discutir a obra de Leo Strauss. Após o sucesso do primeiro colóquio em 2021, o evento representa uma oportunidade para acadêmicos, estudantes e o público em geral aprofundarem seu entendimento sobre temas como a natureza do político, a relação entre filosofia e sociedade, o debate entre antigos e modernos, entre outros temas straussianos. Espera-se que o colóquio atraia especialistas em Strauss, filósofos políticos, teóricos políticos e historiadores da filosofia, promovendo um diálogo fecundo e contribuindo para o avanço do conhecimento na área. O evento será realizado em formato digital (videoconferência). As conferências terão até 40 minutos de duração. Haverá tempo para perguntas e debate.

El “II Coloquio Leo Strauss”, organizado por el Núcleo de Estudios del Pensamiento Político, se llevará a cabo los días 13, 14 y 15 de agosto de 2024. Este evento tiene como objetivo explorar y discutir la obra de Leo Strauss. Tras el éxito del primer coloquio en 2021, el evento representa una oportunidad para que académicos, estudiantes y el público en general profundicen su comprensión sobre temas como la naturaleza del político, la relación entre filosofía y sociedad, el debate entre antiguos y modernos, entre otros temas relacionados con Strauss. Se espera que el coloquio atraiga a especialistas en Strauss, filósofos políticos, teóricos políticos e historiadores de la filosofía, promoviendo un diálogo fructífero y contribuyendo al avance del conocimiento en el área. El evento se llevará a cabo en formato digital (videoconferencia). Las conferencias tendrán una duración de hasta 40 minutos. Habrá tiempo para preguntas y debate.

The “II Colloquium Leo Strauss,” organized by the Center for Political Thought Studies, will take place on August 13, 14, and 15, 2024. This event aims to explore and discuss the work of Leo Strauss. Following the success of the first colloquium in 2021, the event represents an opportunity for academics, students, and the general public to deepen their understanding of topics such as the nature of the political, the relationship between philosophy and society, the debate between ancients and moderns, among other straussian themes. It is expected that the colloquium will attract specialists in Strauss, political philosophers, political theorists, and historians of philosophy, promoting fruitful dialogue and contributing to the advancement of knowledge in the field. The event will be held in digital format (video conference). The conferences will last up to 40 minutes. There will be time for questions and debate.

 

PROGRAMAÇÃO COMPLETA / COMPLETE SCHEDULE

FORMULÁRIO PARA INSCRIÇÕES COMO OUVINTE / LISTENER REGISTRATION FORM

CARTAZ DO EVENTO / EVENT POSTER

RESUMOS / RESÚMENES / ABSTRACTS

 


Conferencistas confirmados / Confirmed lecturers

Agustín Volco (Universidade de Buenos Aires – Argentina)

António Bento (Universidade da Beira Interior – Portugal)

Elvis Mendes (UFU – CAPES – Brasil)

Helton Adverse (UFMG – Brasil)

Isabel Rollandi (Universidad de Buenos Aires – Argentina)

Jean Castro (UFSC – Brasil)

José Colen (Universidade do Minho – Portugal)

Marco Menon (Università della Svizzera italiana – Suíça)

Newton Bignotto (UFMG – Brasil)

Richard Romeiro (UFSJ – Brasil)


Organização /organizadores del evento /conference organizers

Núcleo de Estudos do Pensamento Político (NEPP)/UFSC

Prof. Dr. Jean Gabriel Castro da Costa

Dr. Elvis de Oliveira Mendes

Me. Iann Endo Lobo


 

Canal Leo Strauss Brasil

 

Colóquio “Republicanismo e Democracia na Teoria Política”

09/08/2023 19:31

22, 23 e 24 de agosto de 2023

Florianópolis, CFH/UFSC

Local: Auditório do Bloco E – CFH

 

22/8 14h Abertura e Conferência

Daniel Kapust (UW-Madison) “Of demagogues and populists: on the relevance of Roman republicanism to democracy” (Com tradução consecutiva para o português por Peterson Silva)

 

23/8 9h Mesa 1: Elites governantes e representação nas repúblicas

Marlio Aguiar (NEPP/TJSC) “Como as Repúblicas morrem: o republicanismo de Cícero entre virtudes cardinais e virtudes institucionais”

Carlos Sell (UFSC) ”A democracia plebiscitária (romana) de Max Weber”

Mediação Tiago Losso (NEPP/UFSC)

 

23/8 14h Mesa 2: Republicanismo além das fronteiras

Delamar Dutra (UFSC) “Direito cosmopolita: o terceiro artigo definitivo para a paz perpétua”

Ricardo Silva (NEPP/UFSC) “Cosmopolitismo e internacionalismo na teoria republicana contemporânea

Mediação Marcos Alves Valente (NEPP/UFSC)

 

24/8 9h Mesa 3: Igualdade e diferença no pensamento republicano

Luís Alves Falcão (UFF) “A abordagem republicana da igualdade”

Jean Castro (NEPP/UFSC) “Leo Strauss sobre o problema de Sócrates em “As Nuvens””

Mediação Ariston Azevedo (NEPP/UFRGS)

 

24/8 14h Mesa 4: Republicanismo e legitimidade democrática

Helton Adverse (UFMG) “ Arendt, a república e a democracia.”

Alberto Barros (USP) “O modelo de democracia contestatória de Philip Pettit”

Mediação Julian Borba (UFSC)

 

24/8 16h30 Lançamento do livro “A nova ciência das organizações”

de Alberto Guerreiro Ramos – tradução de Francisco Gabriel Heidemann (UFSC/UDESC) e Ariston Azevedo NEPP/UFRGS

 

Colóquio Nepp 

 

Tags: ColóquioDemocraciaRepublicanismoTeoria Política

Caderno de Resumos – I Colóquio Leo Strauss

14/09/2021 12:05

 

Maquiavel, professor do mal? Notas sobre a interpretação de Leo Strauss

Jean Castro – UFSC

Diversos comentadores apontaram que Leo Strauss não apenas “redescobriu” a escrita esotérica, como também a praticava, especialmente no terceiro período de sua obra, que é aberto com o livro Reflexões sobre Maquiavel. Nesta comunicação, pretendo analisar o que seria exotérico e esotérico na sua retomada da “opinião simples” de Maquiavel como “professor do mal”. Para tanto, concentro minha análise no que pode ser revelado a partir de uma pista metodológica que Strauss fornece quando discorre sobre o papel das introduções e dos finais e a importância do centro nos livros esotéricos. Pretendo aplicar essa recomendação metodológica ao livro do próprio Strauss e analisar de forma um pouco mais detida o que está no centro. Nessa investigação, sustento que a retomada da opinião simples sobre Maquiavel é irônica, isto é, com ela Leo Strauss pretende dizer “coisas diferentes sobre o mesmo objeto a pessoas diferentes”. Para a audiência filosófica, Strauss quer mostrar que o problema de Maquiavel não é o maquiavelismo em si ou mesmo o seu possível caráter anticristão, como alegado pela opinião simples. O problema maior de Maquiavel seria a sua ruptura com a tradição clássica. A ruptura com os clássicos não implica ruptura total com o cristianismo. Para Leo Strauss, Maquiavel faz apenas uma “crítica imanente” ao cristianismo que inicia a crítica imanente feita pelo iluminismo radical. A crítica imanente preserva e radicaliza aspectos centrais daquilo que critica – tais como a probidade intelectual, o igualitarismo e a propaganda – e estaria na origem dos movimentos políticos radicais que estabeleceram as tiranias modernas. A intenção de Strauss com seu ensinamento nas entrelinhas é seduzir os potenciais filósofos do futuro para a posição de responsabilidade política dos escritores antigos criticados por Maquiavel.

 


 

A base da filosofia política de Hobbes segundo Strauss

Delamar José Volpato Dutra – UFSC

Strauss contrasta, na obra de Hobbes, os métodos, científico de Galilei, geométrico de Euclides e moral de Tucídides. De acordo com ele, o naturalismo científico seria inconsistente com o projeto de Hobbes, pois geraria contradições e contrariedades, do que ele conclui que o conceito de natureza humana não poderia ser aquele advindo da ciência física. Reluz na tese de Strauss a ideia de que a inveja seria o traço determinante da natureza humana e que só tal traço seria bastante para justificar o tipo de Estado defendido por Hobbes. O presente trabalho avança a tese de que as várias perspectivas de tratamento da natureza humana em Hobbes podem ser vistas sob uma perspectiva holista, a quais, muito embora possam gerar uma certa tensão, não vão ao ponto da inconsistência por contradição ou contrariedade, tal como apontado por Strauss. Por fim, avança, também, a hipótese de que o traço da inveja não pôde ser apagado completamente por teorias posteriores sobre o Estado.

 


 

Leo Strauss, Straussianos e o republicanismo

Luís Falcão – DCP/PPGCP-UFF

Há uma atração inconteste e paradoxal entre as pesquisas sobre o republicanismo e a herança da posição de Leo Strauss em relação à modernidade. Sentenciava ele que o Ocidente moderno se separa da Antiguidade, porque substituiu a virtude pela liberdade, levando à decadência da filosofia política na expressão do direito natural. Em si mesmos, seus escritos pouco se atinham ao republicanismo. Restaria a tarefa aos seus seguidores mais eminentes tratar do assunto. Paul Hare, Vicky Sullivan, Catherine Zuckert, Michael Zuckert, Patrick Cobby são os principais expoentes dessas pesquisas que, na prática, se opõem à chamada Escola de Cambridge e seus desdobramentos analíticos. Há, porém, um motivo teórico para a aparente aporia entre republicanismo e a unidade da modernidade. Ora, se a condição da filosofia política moderna é submeter a virtude à liberdade, as diferenças entre os liberalismos e os republicanismos ou são irrelevantes ou simplesmente não existem. Por que, afinal, debruçar-se sobre uma tradição e uma teoria que é mero braço, muitas vezes instrumentalizado, do liberalismo? A resposta mais direta seria pela comprovação da decadência da filosofia política moderna. Mas essa resposta é demasiadamente simplória e apressada. A estrutura dos argumentos é quase sempre contraintuitiva, ou seja, se a tradição que mais valoriza a virtude não a valoriza na modernidade em razão de defender a liberdade, parece lógico supor que nenhuma outra o faria com maior ou igual competência. Não se trata apenas de uma posição antiliberal ou da reafirmação per se da interpretação do mestre, mas de criticar a suposta hegemonia liberal. Esse argumento supõe uma contrariedade inerente entre virtude e liberdade, o que força os autores a aproximar o republicanismo do liberalismo.

 


 

Leo Strauss e o Problema da Tirania.

Helton Adverse – UFMG

Em 1948, Leo Strauss publica um estudo sobre o diálogo Hiéron (ou Hiero), de Xenofonte. Ao debruçar-se sobre esse “texto esquecido”, seu objetivo era abrir o debate acerca da necessidade da restauração da filosofia política na época atual. Essa necessidade era premente uma vez que nos deparamos nos dias de hoje com uma nova forma de tirania, que pretende ser “perpétua e universal”. A compreensão da natureza dessa nova tirania depende do recurso à ciência política clássica, o que justifica a leitura do Hiéron, único tratado antigo dedicado exclusivamente ao tema. Mas a retomada de Xenofonte é acompanhada de uma crítica a Maquiavel, pois que o florentino seria o responsável pelo apagamento da distinção entre monarquia e tirania, isto é, a neutralização do juízo político acerca da tirania. O percurso de Strauss (visando compreender a tirania moderna e o sentido da filosofia política) parte, então, de Xenofonte, passa por Maquiavel e chega à contemporaneidade, dando ensejo a um debate com Alexandre Kojève que defende uma visão muita diferente da de Strauss no que concerne ao status da tirania. O objetivo de minha comunicação consistirá em recapitular os principais momentos desse percurso, mas com um foco bem definido: mostrar que para Strauss a filosofia política clássica, que desemboca em uma reflexão sobre a melhor forma de vida política, não pode deixar de aprofundar o questionamento sobre sua forma mais degradada, a saber, a tirania.

 


 

A redescoberta da escrita esotérica

Igor Campos – UFSC

Em Persecution and the Art of Writing, Leo Strauss critica o modo com que os historiadores modernos procedem ao interpretar os textos clássicos da filosofia política, lendo-os apenas dentro de seus contextos históricos. Ao redescobrir a escrita esotérica, o autor procura evidenciar na tradição filosófica a existência de um discurso velado sobre os problemas fundamentais e trans-históricos da vida humana, especialmente das questões políticas. Para Strauss, há um conflito intransponível entre o livre pensamento estimulado pela investigação filosófica, e os valores convencionais que orientam os cidadãos no interior das sociedades. A filosofia – como ilustra o julgamento de Sócrates, põe em xeque as opiniões estabelecidas por uma comunidade política, representando, portanto, uma ameaça a coesão social. Esta tensão exige que o filósofo guarde seus ensinamentos apenas para os iniciados na vida filosófica, não somente para se proteger contra a perseguição e o ostracismo, mas também motivado por uma atitude prudente em relação a preservação da estrutura social. Há, além disso, o nobre interesse em apresentar para o vulgo ensinamentos edificantes que estimulem a boa vida e, por fim, a necessidade de alistar os jovens pré-dispostos à vida filosófica. O objetivo desta comunicação é analisar os elementos centrais do argumento straussiano em defesa do esoterismo, refletindo sobre sua crítica à historiografia moderna; seu convite para uma sociologia da filosofia; as causas que levam à necessidade da escrita nas entrelinhas; e seus apontamentos para uma leitura correta dos textos filosóficos. Nossa hipótese é que o objetivo de Strauss, mais do que propor um método hermenêutico consistente, é estimular a abertura de novos horizontes para a compreensão do fenômeno político na história ocidental, bem como o encorajamento das classes políticas e intelectuais para a superação do que o autor costumava chamar “crise de nosso tempo”.

 


 

O Sentido de “retorno” para Leo Strauss

Elvis de Oliveira Mendes – UFU e UFF

Diante dos impasses da modernidade o retorno aos antigos foi a alternativa buscada por diversos cânones do pensamento contemporâneo. Nesse sentido, pensadores fundamentais como Nietzsche, Husserl e Heidegger, enxergaram cada um à sua maneira, as experiências intelectivas do passado como uma possiblidade de fuga diante de um presente decadente. O objetivo fundamental dessa exposição é proporcionar uma compreensão mais adequada sobre o que significa “retorno” para Leo Strauss. De fato, embora o professor de Chicago seja herdeiro direto da grande tradição da filosofia alemã e concorde com seus antecessores de que o pensamento clássico é a base de toda tradição do pensamento ocidental, retornar para Strauss possui um significado filosófico peculiar. Como é possível perceber nas palavras do próprio filósofo em Progress or return? “Retornar é aceitar que se tomou um caminho errado, que é necessário arrepender-se”, isto é, abrir a possibilidade de se fazer diferente.  Em The City and Man, Strauss é enfático, ao nos alertar que apenas os vivos aqui e agora podem lidar com os seus próprios problemas e que nenhuma experiência do passado pode nos trazer consolo ou solução. Sendo assim, a presente exposição pretende mostrar que compreender o significado mesmo do “retorno” de Strauss aos clássicos através da reabertura da querela entre os antigos e modernos na filosofia política é um passo seminal para a compreensão de todo seu pensamento, do contrário, cria-se brechas para interpretações completamente equivocadas. Minha hipótese é a de que o retorno aos antigos para Strauss opera enquanto retomada experimental de elementos do pensamento clássico e seu caráter investigativo, o que definia a própria linguagem do filósofo em relação ao cidadão comum e o estadista, deste modo, o que Strauss propõe enquanto retorno é o resgate de uma experiência de pensamento e rearticulação dos problemas permanentes.

 


 

Leo Strauss leitor de Platão: logografia, princípio da abstração e escrita nas entrelinhas

Tiago Azambuja Rodrigues – UFSM

Neste trabalho, tematizamos o método de Leo Strauss de leitura dos diálogos de Platão, problematizando o seu princípio basilar: o princípio de abstração (STRAUSS, 1957), que o autor justifica a partir de alguns trechos chaves do Fedro de Platão (275d4-276a7 e 264b7-c5) referente aos escritos e à lei logográfica. Em termos exatos, a ideia é avaliar a compatibilidade ou não do princípio de abstração de Strauss e da lei logográfica, já que (i) esta, pelos indícios da superfície textual, é sobre clareza e evidência, ao passo que aquele é sobre ocultação e o suposto esoterismo platônico, e que (ii) Strauss elabora tal princípio omitindo e fazendo uma interpretação claramente questionável das passagens do Fedro (sobretudo 275d4-276a7). Compreender a razão desta suposta incompatibilidade é essencial para o legado de Strauss, haja vista a centralidade deste trecho para a sua filosofia e interpretação de Platão (tenho em mente o que Strauss assere sobre o eros e a metafísica de Platão em City and Man). Por tais razões, os seguintes questionamentos são necessários: Strauss falha decisivamente como interprete de Platão? As principais implicações e proposições filosóficas decorrentes de “tal falha” são insólitas? A inconsistência da interpretação de Strauss (em questão) sobre o Fedro pode ser explicada, tendo em vista o teor desta, pela hipótese de que ele incorre em tal erro aparente porque nos comunica, nas entrelinhas, o possível caráter aporético de tais trechos do Fedro (relativo às questões da reminiscência/conhecimento e da oralidade/escrita neles presentes), também comunicado a nós por Platão nas entrelinhas. No entanto, ao atribuir o esoterismo aos diálogos, semelhantemente à escola de Tübingen, Strauss postula uma dimensão complexa (a mais) para estes, que inclusive escapa dos testemunhos indiretos e da própria evidência textual direta, de modo que voltamos para nosso questionamento inicial. Dessa forma, tal tensão nos leva às seguintes questões: se a dimensão nas entrelinhas dos diálogos existe, em que medida seu conhecimento é confiável e acessível? No caso de ela não existir, em que medida o afastamento de Strauss (de Platão) compromete a solidez de suas proposições filosóficas de “inspiração platônica”? Ao nosso ver, talvez a resposta a estas últimas questões depende da própria veracidade do que Strauss entende como experiência filosófica, compreendida como erótica, mais próximo de Nietzsche do que de Platão.

 


 

O que Leo Strauss teria a nos dizer sobre a pós-verdade?

Evaldo Sampaio – UnB

De um ponto de vista histórico-filosófico, entende-se que a modernidade se estabelece com a “revolução científica” consolidada no século XVII, sobretudo pela ruptura desta com as “cosmologias antigas” e a autoridade religiosa quanto a questões sobre o conhecimento e os valores. O seu mote seria o “eu estou pensando, logo existo” e as consequências da exaltação da subjetividade que este instaura. Já a “pós-modernidade” insurge na segunda metade do século XX e remete a um suposto rompimento com os “princípios humanistas” que caracterizavam até ali os modernos. O lema agora é “não há fatos, apenas interpretações”, com todas as suspeitas que o abandono de qualquer base objetiva para o conhecimento ou os valores acarreta. Mais recentemente, acompanhamos o que alguns já caracterizam como “a era da pós-verdade”, com suas “narrativas” e “fatos alternativos”. A máxima aqui é que, quanto à opinião pública, “os fatos têm menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais”. Assim, parece haver uma contraposição entre a modernidade e a pós-modernidade, por um lado, e entre a pós-modernidade e a pós-verdade, por outro. Afinal, o que os nossos humanistas, progressistas, identitaristas, nacionalistas e terra-planistas poderiam ter em comum? A partir do ensaio Os três movimentos da modernidade, de Leo Strauss, pretendo discutir que, a despeito de suas divergências filosóficas ou ideológicas, há uma profunda continuidade entre o pensamento dos modernos, dos pós-modernos e da pós-verdade. Num primeiro momento, analiso a hipótese straussiana de que o pós-modernismo seria um desdobramento da “querela entre os antigos e os modernos”, um “terceiro movimento da modernidade” e não, como se faz parecer, uma transgressão desta. Num segundo momento, sugiro que, se aquela hipótese de Strauss estiver correta, a era da pós-verdade, não obstante tenha uma orientação ideológica bem distinta dos pós-modernistas, ou é uma variante deste ou talvez uma nova e mais perigosa faceta da própria modernidade: aquela na qual não há apenas a relativização da verdade e da justiça, mas o próprio descaso pela distinção entre o verdadeiro e o falso, o justo e o injusto.

 


 

Entre o vício e a virtude: Tocqueville, Leo Strauss e o problema do regime liberal democrático

Iann Endo Lobo – Doutorando – Sociologia Política/UFSC

O objetivo da presente apresentação é analisar a interpretação de Tocqueville no seio da tradição intelectual straussiana. Strauss dedicou pouco espaço de sua obra ao teórico político francês, em contraste, seus discípulos reverenciam Tocqueville como o mais profundo teórico não apenas da América, mas do regime liberal democrático em geral, e são grandes entusiastas de sua obra. Contudo, há afinidades, mas também distanciamentos entre Tocqueville e Strauss, de forma que investigaremos quem, pra que fim e como os straussianos se apropriam de Tocqueville. Esperamos que além de contribuir para a compreensão da simbiose teórica entre Strauss e Tocqueville, o estudo ajude a esclarecer a posição de aliança crítica da escola straussiana com relação ao regime liberal democrático.  Dentre os straussianos nos deteremos principalmente sobre os escritos de Martin Diamond, Harvey Mansfield, Pierre Manent e Steven Smith que deram especial destaque à obra do pensador francês. Nossa hipótese é que o straussianismo é suscetível à Tocqueville por conta do fato de que o pensador francês julgou a democracia moderna de um ponto de vista moderado que não incorreu nem na negação reacionária, como fizeram os Bonald e de Maistre, nem se permitiu a contemplação tranquila ou fervorosa da democracia como o ápice do progresso histórico, na linha de Constant ou Guizot, e essa postura moderada, em nossa opinião, ao contrário do que defendem certos críticos, encontra paralelo na posição do próprio Strauss e seus acólitos.

 


 

Jerusalém e Atenas: o conflito entre revelação bíblica e filosofia em L. Strauss

Richard Romeiro

 Pode-se dizer que um dos propósitos fundamentais da obra de Strauss consiste em recuperar ou trazer novamente à tona o caráter politicamente problemático, insólito e socialmente perturbador da filosofia, contra o processo de popularização e, portanto, de domesticação da atividade filosófica levado a efeito pelos fautores do iluminismo moderno. A ideia straussiana é que, na sua expressão mais lídima e originária, tal como se pode observar a partir dos textos clássicos e medievais, a filosofia constitui uma experiência espiritual única e radicalmente disruptiva, que, envolvendo o questionamento audacioso das opiniões autorizadas da sociedade sobre temas políticos, morais e religiosos, torna possível a emancipação intelectual do indivíduo em relação à autoridade da comunidade política. Na visão de Strauss, isso significa que a irrupção da filosofia é um evento inquietante e mesmo atópico, que altera de maneira profunda e irremediável as relações do homem com a cidade, desencadeando uma rebelião intelectual sem precedentes contra as forças e instituições responsáveis pela manutenção da ordem cívica estabelecida. Avançando nessa linha de reflexão, Strauss procura mostrar ainda que essa rebelião do filósofo contra as forças e instituições que asseguram a ordem cívica é, em última análise, uma rebelião contra a lei divina, porquanto, nas sociedades pré-modernas, as leis são consideradas não como construtos humanos, mas como comandos derivados dos deuses ou daqueles que tiveram contato com os deuses. O objetivo de minha comunicação é mostrar de que forma, para Strauss, esse antagonismo da filosofia com a lei divina, que origina o célebre  “problema teológico-político”, atinge seu clímax e sua expressão mais intensa no encontro da filosofia com a revelação bíblica, engendrando aquele conflito espiritual que, aos olhos de Strauss, nos coloca diante da alternativa mais radical com a qual a civilização ocidental se confronta, a saber: a alternativa entre um modo de vida que se funda nas exigências oriundas da Bíblia e um modo de vida que se funda nas exigências da racionalidade grega, ou, para usar a metáfora straussiana, a alternativa entre Jerusalém e Atenas.

 


 

O problema do historicismo na filosofia política de Leo Strauss

Izabella Corrêa M. Coutinho

Na introdução e primeiro capítulo de sua obra mais popular, Natural Right and History(1953), Leo Strauss nos sinaliza o diagnóstico segundo o qual o historicismo se apresenta como antagonista da  filosofia  política,  sendo  em  grande  medida  responsável  pelo  seu estado de dissolução no século XX. Nesse sentido, é desde o ponto de vista da filosofia política que poderemos melhor compreender o processo  de  formação  do  fenômeno  do historicismo e sua consolidação no mundo contemporâneo como expressão do espírito do nosso  tempo.  Ao nos tornarmos por um momento  historiadores  das  ideias  críticas  em torno do direito natural, como Strauss sugere, lançamos luz sobre a gênese do fenômeno, os diversos movimentos por meio dos quais se deixa capturar, e sobretudo as contradições em que se enreda. Segundo o autor, o historicismo afirma a ideia de que todo filosofar pertence essencialmente a  um  mundo  histórico,  a  uma  cultura  ou  civilização,  sendo impossível, portanto, qualquer conhecimento de tipo transhistórico acerca dos assuntos humanos.  Todavia, de  fato,  tratar-se-ia de  um  fenômeno  altamente  difuso  que  recobre diferentes  versões:  há  uma  infância  do  historicismo  com  a  escola  histórica  alemã,  seu processo  de  amálgama  com  o  positivismo,  sua  crise  e  sua  apresentação  na  forma  do niilismo,  sua  roupagem  distinta  na  forma  da  moderna  ciência  social  weberiana  e  sua sofisticação e  radicalidade na  forma  do  existencialismo.  Seguindo  o  procedimento  de Strauss, poderemos perceber, por fim, de que modo o fenômeno do historicismo se coloca como  um  problema  incontornável  para  o  filósofo  político,  exigindo  dele,  ao  mesmo tempo, uma metodologia adequada em atenção à história, mas também, e tanto por isso, o esforço filosófico de indicar as condições de possibilidade da alternativa contraposta ao historicismo, isto é, a alternativa de uma filosofia não-historicista em cujo centro pôde florescer a ideia original do direito natural.

 


 

Leo Strauss e o Problema das Formas de Governo

Hugo Araújo Prado

Sobre a recepção do pensamento de Leo Strauss é possível encontrar uma posição caracterizada pela defesa da incompatibilidade do straussianismo com a democracia e pelo entendimento de que um dos seus pilares é a afirmação niilista da ausência de qualquer limite normativo para a política e para a violência, que seria legada de Leo Strauss. Essa posição ganhou atenção pública com artigos publicados em jornais populares em 2003, mas não deixou de ser endossada, em parte, por acadêmicos críticos de Strauss, como Shadia Drury e Anne Norton.

Com o objetivo de esclarecer a posição de Strauss sobre as formas de governo, em especial a democracia, busco elucidar uma linha de continuidade, centrada na preocupação da Leo Strauss com a normatividade, que liga o texto Niilismo Alemão a uma das principais teses da obra Direito Natural e História.

Ao atualizar o problema do melhor regime, Strauss nuança essa proposta com a afirmação de que a moderação deve informar a crítica da autoridade (da democracia). Ele estava ciente de que a derrogação dos regimes atuais em nome do melhor regime ou dos princípios universais seria facilmente subvertida em um uso ideológico da filosofia. Strauss mantém o ceticismo sobre a capacidade de conhecimento dos princípios universais, entendendo que o filósofo (afinado com a busca do conhecimento do todo) pode prover para a cidade um conhecimento sobre os princípios gerais, que serão sustentados publicamente como universais. Esse procedimento não será realizado sob o governo do filósofo, mas em uma mitigação do melhor regime, o melhor regime prático. Assim, Strauss propõe uma forma de governo mista, caracterizada pela conformação de uma aristocracia no centro de uma democracia de massas – seria um governo do gentleman com auxílio do filósofo.

 


 

A escolha existência entre o caminho do filosofar e o caminho da revelação no pensamento de Leo Strauss

Emília Agnes Assis de Lima – Doutora em filosofia pela UFMG

O objetivo desta comunicação é investigar a questão existencial envolvida no problema teológico político abordado por Leo Strauss ao longo de toda a sua obra. Trata-se de compreender a relação entre duas alternativas fundamentais de compreensão do mundo e inserção do indivíduo na comunidade e como o peso desse tipo de escolha conforma a sociedade, e sobretudo a relação da filosofia com o todo. O problema teológico-político se constrói na obra de Strauss principalmente a partir do seu estudo sobre a obra Tratado Teológico-Político de Baruch de Spinoza. Neste estudo, o pensador alemão conclui que Spinoza se aproxima de forma equivocada do problema teológico-político ao pensar a questão do ponto de vista do racionalismo moderno. Strauss desconfia da análise de Espinoza por acreditar que este está imbuído de uma mentalidade típica da modernidade. Tal mentalidade, segundo Strauss, nega a importância do tema que diz respeito ao enfrentamento entre dois modos de vida diversos, a saber a filosofia e a revelação. Para Strauss esse enfrentamento está longe de ser uma questão acessória para a filosofia, ao contrário, constitui-se como uma das questões que o autor classifica como permanentes e decisivas para a própria continuidade da filosofia como pensamento radical. O problema é formulado da seguinte maneira, a revelação segundo Strauss não tem compromisso com sua própria comprovação. Ao mesmo tempo que não carece de verificação para se sustentar como uma atitude diante da realidade a Revelação exige da filosofia isso que não se preocupa em estabelecer, isto é, uma demonstração. Logo, no caso da filosofia, este saber que reclama para si o distintivo da racionalidade não pode se recusar a demonstrar seus princípios e sua gênese de um ponto de vista racional. O que significa que a pergunta sobre a revelação não pode deixar de fazer parte das preocupações do filósofo. A resposta é que esta aporia não será resolvida nem pelo próprio Strauss. A vida filosófica se caracteriza por ter sua razão de ser fundada na dúvida radical permanente, isto é, no questionamento profundo que não se interrompe diante de nenhuma autoridade. Ao mesmo tempo, Strauss advoga que a filosofia oferece aos indivíduos uma noção do que é correto, ou seja, um horizonte de vida boa. Contudo, a este modo de vida se opõe para Strauss o modo de vida no qual o indivíduo se guia pela revelação, o que significa se guiar pela obediência a uma ordem transcendente e absoluta. Estes dois caminhos são excludentes e, no entanto, ambas as possibilidades convivem na cidade. A relação entre filosofia e revelação persistirá compreendida no registro de uma tensão insolúvel e o que restará para o filósofo como saída será uma escolha pura e simples. Uma escolha entre o assentimento e o livre pensar. E não é difícil concluir que aquele que se entende filósofo ou assim se intitula, assume imediatamente um compromisso irrevogável com o livre pensamento e se coloca pelo menos existencialmente como apartado da revelação. Esse parece ser o compromisso moral exigido pelo caminho da filosofia como forma de vida e que leva a importantes consequências.

 


 

Leo Strauss, mestre de sabedoria

Élcio Verçosa Filho

Como todo grande corpus de pensamento, a obra de Leo Strauss pode ser entendida de muitas formas. Crítica da modernidade, recuperação da filosofia política, promoção do pensamento conservador, crítica da religião, do historicismo e do relativismo, redescoberta do pensamento clássico – todas essas palavras ou expressões-chave designam abordagens mais ou menos legítimas dessa obra inquieta que carrega as marcas do século XX nos seus interesses, seus temas e na própria biografia do autor. Um traço, no entanto, projeta a atividade intelectual de Strauss para outro plano: a maneira como ele leu, e nos ensinou a ler, os grandes autores e os grande corpora da filosofia antiga e moderna. Com efeito, há, no século XX, uma variedade de pensadores e historiadores da filosofia de maior renome e quiçá de maior importância que Leo Strauss; nenhum, talvez, entretanto, tenha sido melhor leitor. Os exemplos são inúmeros. Praticamente toda obra conhecida de Strauss é, na realidade, a leitura de uma grande obra do passado. Nesse sentido, Strauss é “humilde” e não se destaca querendo ombrear-se com os grandes mestres. Consciente dos próprios limites, ele atua como um professor, ou, falando mais em acordo com a sua própria trajetória, como o comentarista medieval que se deixa carregar nos “ombros de gigantes” e tenta não abandonar o texto estudado um segundo sequer. Por outro lado, suas leituras aparecem, quando menos pela reação que as comunidades particulares de estudiosos dedicaram e dedicam a elas, inovadoras, radicais, polêmicas, controversas. Em alguns casos até mesmo fora do tom. Lendo o que aparentemente são os mesmos textos, muitos, para não dizer a maioria, não encontram as ideias que Strauss afirma, ou mais propriamente sugere, estarem ali. Isso acontece em relação à leitura de Maimonides; acontece com Hobbes; acontece com Espinosa; acontece com Locke e Bacon e, de maneira ainda mais notável, com Maquiavel. Mas o caso mais conspícuo e (não só por isso) o mais importante é o de Sócrates. O “problema de Sócrates” e o entendimento que a leitura de Strauss nos chama a ter sobre ele é, dentre todos os exemplos, o caso em que Strauss ter ou não ter razão teria as maiores e mais importantes consequências – consequências acadêmicas, sem dúvida, de grande monta, mas em especial para o nosso entendimento do que é a sabedoria. Porque o que está em jogo no “problema de Sócrates” – e não é somente Strauss quem o admite – é a natureza, o estatuto e o significado do próprio ato de filosofar. Relendo as suas últimas obras sobre o Sócrates de Aristófanes e o Sócrates de Xenofonte tentaremos jogar alguma luz sobre essa questão e sobre a contribuição (sua importância, propriedade, alcance etc.) da leitura de Strauss. É possível, depois das lições de Leo Strauss, “ler” e entender Sócrates (e a filosofia) da mesma maneira?

 

 

 

 

 

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Programação I Colóquio Leo Strauss

11/08/2021 15:19

Caderno de Resumos

15/09/2021

14:00 horas Abertura

Mesa 1 – Modernidade, Republicanismo e Tirania  

  • Maquiavel, professor do mal? Notas sobre a interpretação de Leo Strauss

Jean Castro – UFSC

  • A base da filosofia política de Hobbes segundo Strauss

Delamar José Volpato Dutra – UFSC

  • Leo Strauss, straussianos e o republicanismo

Luís Falcão – UFF

 

17:00 horas

Conferência

Helton Adverse – UFMG


 

16/09/2021

 14:00 horas

Mesa 2 – Retórica, democracia e o conflito entre fé e razão

  • Entre o vício e a virtude: Tocqueville, Leo Strauss e o problema do regime liberal democrático
    • Iann Lobo – UFSC
  • A redescoberta da escrita esotérica
    • Igor Campos – UFSC
  • O Sentido de “retorno” para Leo Strauss
    • Elvis  Mendes – UFU / UFF

 

17:00 horas

Conferência

Richard Romeiro – UFSJ


 

17/09/2021

14:00 horas

Mesa 3 – A filosofia e a cidade: o político e as questões permanentes

  • O problema do historicismo na filosofia política de Leo Strauss

Izabella Corrêa M. Coutinho – UFMG

  • Leo Strauss e o Problema das Formas de Governo

Hugo Araújo Prado – UFMG

  • A escolha existencial entre o caminho do filosofar e o caminho da revelação no pensamento de Leo Strauss

Emília Agnes Assis de Lima – UFMG

  • Leo Strauss Leitor de Platão: Logografia, princípio da abstração e escrita nas entre linhas

Tiago Azambuja – UFSM

 

17:00 horas

Conferência de encerramento

Élcio Verçosa Filho – PUC SP

 

I Colóquio Leo Strauss

13/04/2021 17:51

 

O Núcleo de Estudos do Pensamento Político realizará o I Colóquio Leo Strauss nos dias 15, 16 e 17 de setembro de 2021.

Este evento acadêmico tem o objetivo de promover o debate entre pesquisadores da obra de Leo Strauss, um dos filósofos políticos mais importantes do século XX.

Ver Programação Completa

Ver Caderno de Resumos


Os pesquisadores já confirmados para o evento são (em ordem alfabética):

 

Delamar José Volpato Dutra (Pós-doutorado em Filosofia na Columbia University; Professor na UFSC)

Élcio Verçosa Filho (Pós-doutorado em História da Filosofia e da Cultura na USP)

Elvis de Oliveira Mendes (Doutorando em Filosofia na UFU e em Ciência Política na UFF; bolsista CAPES)

Emília Agnes Assis de Lima (Doutorado em Filosofia na UFMG)

Evaldo Sampaio da Silva (Pós-doutorado em Filosofia na Universidade de Oxford; Professor Associado da UFCe)

Helton Machado Adverse (Pós-doutorado em História da Filosofia na École des Hautes Études en Sciences Sociales; Professor na UFMG)

Hugo Araújo Prado (Doutorado em Filosofia na UFMG; professor no Centro Universitário UNA)

Iann Endo Lobo (Doutorando em Sociologia Política na UFSC; bolsista CAPES)

Igor Campos da Silva (Mestrando em Sociologia Política na UFSC; bolsista CNPQ)

Jean Gabriel Castro da Costa (Pós-doutorado em Filosofia na Brown University; Professor na UFSC)

Luís Alves Falcão (Doutorado em Ciência Política na UERJ; Professor na UFF)

Richard Romeiro Oliveira (Doutorado em Filosofia na UFMG; Professor na UFSJ)

Tommy Akira Goto (Doutorado em Psicologia na PUC-Campinas; Professor na UFU)

 


Para obtenção de certificado de participação é necessário realizar inscrição neste link:

Inscrições

 


Canal no Youtube

Leo Strauss Brasil

 


EQUIPE DE ORGANIZAÇÃO DO EVENTO

Coordenação

Jean Gabriel Castro da Costa (jeancastrocosta@gmail.com)

Elvis de Oliveira Mendes (elvisphilos@gmail.com)

Edição do Caderno de Resumos

Elvis de Oliveira Mendes

Igor Campos da Silva

Logística e apoio na transmissão online

Igor Campos da Silva

Iann Endo Lobo

 

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Colóquio “A tradição republicana e o legado de Roma”

15/05/2018 14:55

Nos dias 16 e 17 de maio, o NEPP, em conjunto com o Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política, realizará o colóquio A tradição republicana e o legado de Roma no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) – Auditório E.

Na programação do evento estão previstos grupos de trabalho (GT) com alunos de pós-graduação, duas mesas temáticas com professores de universidades brasileiras e a conferência de encerramento de Daniel Kapust, da Universidade de Wisconsin – Madison, que também lançará seu livro Flattery and the History of Political Thought(Cambridge University Press, 2018) durante o evento.

Cartaz colóquio – A tradição republicana e o legado de Roma

 

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